Rio São Francisco
Mapa da extensão total do rio São Francisco. Em
seus 2 830 km o rio passa por cinco estados brasileiros.
O rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d'água do Brasil e da América do Sul. O rio passa por cinco
estados e 521 municípios, sendo sua nascente geográfica no município de Medeiros e sua nascente histórica na serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, centro-oeste de Minas Gerais. Seu percurso atravessa o estado da Bahia, fazendo sua divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo
a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas e, por fim, deságua no oceano Atlântico, drenando uma área de aproximadamente 641 000 km².
Seu comprimento medido a partir da nascente histórica é de 2 814 km,
mas chega a 2 863 km quando medido ao longo do trecho geográfico
O
rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas e
tem seis usinas hidrelétricas. Apresenta dois estirões navegáveis: o médio, com
cerca de 1.371 quilômetros de extensão, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE) e o baixo, com 208
quilômetros, entre Piranhas (AL)
e a foz, no Oceano Atlântico. Os aluviões recentes, os arenitos e calcários,
que dominam boa parte da bacia de drenagem,
funcionam como verdadeiras esponjas para reterem e liberarem as águas nos meses
de estiagem, a tal ponto que, em Pirapora (MG), Januária (MG)
e até mesmo em Carinhanha (BA),
o mínimo se dá em setembro, dois meses após o mínimo pluvial de julho. As
partes extremas superiores e inferior da bacia apresentam bons índices pluviométricos, enquanto os seus cursos médio e submédio atravessam áreas de
clima bastante seco. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São Francisco é gerado em Minas Gerais, cuja área da bacia,
ali inserida, é de apenas 37% da área total. A área compreendida entre a
fronteira Minas Gerais-Bahia e a cidade de Juazeiro (BA), representa 45% do
vale e contribui com apenas 20% do deflúvio anual. Mesmo quando penetra na zona
sertaneja semiárida, consegue manter-se perene, apesar da intensa evaporação, da baixa pluviosidade
e dos afluentes temporários da margem direita. Tem seu volume d'água diminuído,
mas não totalmente graças ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu
alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse
trecho o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em
março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são observadas de maio a
setembro, condicionadas à estação seca.
Seu
nome indígena é Opará ou Pirapitinga e também é carinhosamente chamado Velho Chico.
A
alcunha «Rio da Integração Nacional» se deve às entradas e bandeiras que nos séculos XVII e XVIII usaram-no como rota para penetrar
no interior. Outro nome, «rio dos Currais», se deve a ter servido de trilha
para fazer descer o gado do Nordeste até a região das Minas
Gerais, sobretudo no início do século XVIII, quando se achava ali o ouro que
fez afluir milhões de pessoas à terra, fazendo a fortuna de muita gente e,
afinal, integrando a região Nordeste às regiões Centro-Oeste e Sudeste.
História
Povos originais e colonização
Como
escreveu Guimarães Rosa, sua história tem sido
a história do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de
vida e riqueza. Seu descobrimento é atribuído ao navegador florentino Américo Vespúcio, que navegou em sua foz em 1501. A 4 de outubro desse mesmo
ano, uma expedição de reconhecimento descia a costa brasileira, rente ao litoral, comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio e
vinda do cabo de São Roque.
O
nome é homenagem a São Francisco de Assis, festejado naquela data. A região da foz era habitada pelos índios, que a chamavam Opará,
que significa algo como “rio-mar”. Outra expedição, em 1503, chegou à foz, comandada por Gonçalo Coelho, outra vez com Américo
Vespúcio. O rio era visitado apenas nas cercanias da foz, pois a mata, a caatinga desconhecida e as tribos ferozes impediam os brancos de penetrar
na terra
Descoberta de ouro
O
Alto São Francisco só foi colonizado a partir da descoberta do ouro, ao término
do século XVII e no começo do século XVIII. A região era apenas percorrida no
século XVII por exploradores, provavelmente vindos do Norte, sem qualquer
povoamento. Descoberto o ouro em 1698, no sítio onde se ergue hoje Ouro Preto, o Alto São Francisco
se desenvolveu em consequência da prosperidade mineira, que se expandia. Muitos
paulistas se fixaram no alto São Francisco, fundando cidades que hoje têm seus
nomes.
A
descoberta de ouro em Goiás, por volta de 1720, intensificou o povoamento. Já
no baixo São Francisco, o povoamento foi dificultado pela formação de
aldeamentos de escravos fugitivos dos engenhos. Desde o início do século XVIII,
o desbravamento do São Francisco era completado por gente de Salvador e Recife. Para a fixação, concorreu a descoberta de ouro em Jacobina, no médio vale, junto
da cabeceira de seu o afluente o rio Salitre, e pelo povoamento do
Piauí, Maranhão e Ceará. Desenvolveram-se as
fazendas de criação de gado.
O
alto São Francisco a essa altura, estava também povoado e era cruzado pelas
rotas de penetração que se dirigiam a Goiás ao longo da qual muita gente se fixava, na exploração de
diamantes e ouro ou em fazendas de pecuária. João Leite da Silva Ortiz, auxiliar de Anhanguera, que em 1722 descobriu ouro em Goiás, terminou por viver no
local onde se ergue hoje Belo Horizonte, montando fazenda na
serra das Congonhas. Durante o século
XVIII, as contínuas descobertas de minerais e pedras provocaram novas
colonizações nas áreas montanhosas, causando no vale do rio poucas alterações. Montes Claros, na bacia do rio Verde Grande, teve início neste
século como uma área agrícola, e hoje é uma das cidades mais importantes.
Cânions no Rio São Francisco, na cidade de
Canindé de São Francisco, Sergipe. Foto feita por drone
Geografia
Segundo
fontes governamentais, tem uma
extensão de 2.830 quilômetros e uma declividade média de 8,8 centímetros por
quilômetro. A média das vazões na foz é de 2.943 metros cúbicos por segundo, e
a velocidade média de sua corrente é de 0,8 metro por segundo, entre Pirapora e
Juazeiro. Entre as características físicas do rio estão uma declividade média
de 8,8 centímetros por quilômetro e velocidade média de corrente de 0,8 metros
por segundo (entre Pirapora-MG e Juazeiro-BA).
O
rio São Francisco banha cinco estados, recebendo água de 90
afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, num total de
168 afluentes, sendo 99 deles perenes. É um rio de grande importância
econômica, social e cultural para os estados que atravessa. Folcloricamente, é
citado em várias canções e há muitas lendas em torno das carrancas (entidades do mal que até hoje persistem. Os trechos navegáveis
estão no seu médio e baixo cursos. O maior deles, entre Pirapora e Juazeiro - Petrolina, com 1.371 quilômetros
de extensão, pode ser analisado em três subpartes, devido a algumas
características distintas de seus percursos. O primeiro subtrecho, que se
estende de Pirapora até a extremidade superior do reservatório de Sobradinho,
próximo à cidade de Xique-Xique, tem 1.074 quilômetros
de extensão. No médio São Francisco, a navegação é exercida pela FRANAVE, com frota de comboios
adequada às atuais condições da via.
As
principais mercadorias transportadas são cimento, sal, açúcar, arroz, soja, manufaturas, madeira e
principalmente gipsita. No baixo e médio São
Francisco, promove-se o transporte de turistas em embarcações equipadas com caldeiras a lenha. Atualmente o rio São Francisco está sendo transposto. O
que está dividindo opiniões entre brasileiros que vivem nos estados banhados
pelo rio.
Importância econômica
O rio São Francisco é também o maior responsável pela
prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas pela dominação de Vale do São Francisco, onde
cidades experimentaram maior crescimento e progresso como Petrolina em Pernambuco e Juazeiro na Bahia devido a agricultura
irrigada. Essa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas
tropicais do país, recebendo atenção especial, também, a produção de vinho, em
uma das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas.
Hidrovia
Equivalente
à distância entre Brasília e Salvador, essa é, sem dúvida, a mais econômica forma de
ligação entre o Centro Sul e o Nordeste. Com o seu extremo sul localizado na cidade de Pirapora, a hidrovia do São Francisco é interligada por ferrovias e estradas aos mais importantes centros econômicos do Sudeste, além de
fazer parte do Corredor de Exportação
Centro-Leste.
Ao
norte, nas cidades vizinhas a Juazeiro e Petrolina, a hidrovia está ligada às
principais capitais do Nordeste, dada a posição geográfica destas duas cidades.
O
rio São Francisco oferece condições naturais de navegação durante todo o ano,
cuja profundidade varia de acordo com o regime de chuvas (calado). Seu porto
mais importante é o de Pirapora, interligado aos portos fluviais de Petrolina e
Juazeiro e aos marítimos de Vitória, Rio de Janeiro, Santos, Salvador, Recife e Porto de Suape, através de rodovias e ferrovias.
Em
grande parte do vale do São Francisco as áreas mais propícias ao aproveitamento
agrícola situam-se às margens do mesmo. Por esse motivo a maior parcela da
população do vale se encontra nas proximidades do rio. A hidrovia do São
Francisco, através do programa "Avança Brasil", passa por uma etapa de grandes intervenções físicas.
Aliadas
a isso estão as ações de operacionalidade da via. Todas essas ações permitirão
que a hidrovia do São Francisco atenda a crescente demanda de tráfego, não só
na região ribeirinha, mas de todo o país, consolidando-se, assim, como um dos
principais elos entre o Sudeste e o Nordeste
Transposição do rio São Francisco
A transposição do rio São Francisco é um projeto de deslocamento de parte
das águas do rio São Francisco, no Brasil, nomeado pelo governo brasileiro como "Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional".
O
projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional – MIN. A obra prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do
território de quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para o desvio das águas do rio. Ao longo do caminho, o projeto
prevê a construção de nove estações de bombeamento de água.Mais tarde aventou a possibilidade do
chamado eixo sul, abrangendo a Bahia e Sergipe e eixo oeste, no Piauí.
Orçado
atualmente em R$ 8,2 bilhões, o projeto,
teoricamente, irrigará a região Nordeste e semiárida do Brasil. O principal
argumento da polêmica dá-se sobretudo pela destinação do uso da água: os
críticos do projeto alegam que a água será retirada de regiões onde a demanda
por água para uso humano e dessedentação animal é maior que a demanda na região
de destino e que a finalidade última da transposição é disponibilizar água para
a agroindústria e a carcinicultura — contudo, apesar da controvérsia,
tais finalidades são elencadas como positivas no Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) em razão da consequente geração de emprego e renda.[5] Iniciada em 2007, a conclusão da transposição estava
originalmente planejada para 2012, mas atrasos mudaram a data prevista para
2016.
O
projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional (MI). Orçado, atualmente, em 6,8 bilhões de reais, que prevê a
construção de dois canais que totalizam 700 quilômetros de extensão.
O
ponto polêmico no projeto tem como base o fato de ser uma obra cara e que,
supostamente, abrangeria apenas 5% do território e 0,3% da população do
semiárido brasileiro e que afetaria intensamente o ecossistema ao redor de todo
o rio São Francisco.
Há
também o argumento de que essa transposição só iria beneficiar os grandes
latifundiários nordestinos pois grande parte do projeto passa por grandes
fazendas e os problemas com a seca no Nordeste não seriam solucionados.
O
principal argumento da polêmica dá-se sobretudo pela destinação do uso da água:
os críticos do projeto alegam que a água seria retirada de regiões onde a demanda
por água para uso humano e dessedentação animal é maior que a demanda na região
de destino e que a finalidade última da transposição é disponibilizar água para
a agroindústria e a carcinicultura.
Histórico
A
ideia de transposição das águas remonta ao ano de 1847, ou seja, no tempo do
Império Brasileiro de Dom Pedro II, já sendo vista, por
alguns intelectuais de então, como a única solução para a seca do Nordeste.
Naquela época, não foi iniciado o projeto por falta de recursos da engenharia.
Ao longo do século XX, a transposição do São
Francisco continuou a ser vista como uma solução para o aumentar as
disponibilidades em água no Nordeste Setentrional. A discussão foi retomada em
1943 pelo Presidente Getúlio Vargas.
O
primeiro projeto consistente surgiu no governo João Batista de Oliveira Figueiredo, quando Mário Andreazza
era Ministro do Interior, após uma das mais longas estiagens da História
(1979-1983) e foi elaborado pelo extinto Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS).
Em
agosto de 1994, o presidente Itamar Franco enviou um Decreto ao Senado, declarando ser de interesse da
União estudos sobre o potencial hídrico das bacias das regiões semiáridas dos
estados do Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Convidou o então
Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, para ser Ministro da
Integração Regional e levar adiante a execução do projeto.
Fernando Henrique Cardoso, ao assumir o governo, assinou o documento
"Compromisso pela Vida do São Francisco", propondo a revitalização do
rio e a construção dos canais de transposição: o Eixo Norte, o Eixo Leste,
Sertão e Remanso. Previa ainda a transposição do Rio Tocantins para o Rio São Francisco, grande projeto da época do Ministro
Andreazza.
Tais
projetos não foram adiante no Governo FHC, mas durante seu governo foram
criados o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e o Projeto
de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco-PCRBHSF,
ambos através do Decreto de 5 de junho de 2001.
Estes
órgãos foram criados no marco do novo modelo de gestão dos recursos hídricos,
expresso pela Lei das Águas. Os
Comitês das Bacias, compostos por representantes dos estados e municípios cujos
territórios contenham parte da bacia, dos usuários das águas e entidades civis
de recursos hídricos que atuem na bacia, representam uma forma descentralizada
e participativa da gestão dos recursos hídricos.
Durante
o primeiro mandato do Presidente Lula, o governo federal contratou as empresas Ecology and
Environment do Brasil, Agrar Consultoria e Estudos Técnicos e JP Meio Ambiente
para reformularem e continuarem os estudos ambientais para fins de
licenciamento do projeto pelo IBAMA.
Através
da resolução 47/2005 (17/1), o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),
aprovou o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional. No entender da ANA — Agência Nacional de Águas: "O comitê de bacia é órgão
responsável pela aprovação do plano da bacia onde são definidas as prioridades
de obras e ações no âmbito da bacia hidrográfica e tem o papel de negociador,
com instrumentos técnicos para analisar o problema dentro de um contexto mais
amplo. Todavia, a outorga de direito de uso da água na bacia é de
responsabilidade dos órgãos gestores estaduais e da ANA. A deliberação sobre
ações que transcendem o âmbito da bacia é de responsabilidade do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, órgão superior do sistema nacional de
gerenciamento de recursos hídricos".
Estabeleceu-se
assim um conflito de competências e interpretações da lei que vem sendo alvo de
disputas judiciais ainda em curso, o que atrasou o início das obras.
Em
julho de 2007, o Exército Brasileiro iniciou as obras do Eixo Leste. O
Consórcio Águas do São Francisco, composto pelas empresas Carioca, S.A.
Paulista e Serveng serão responsáveis pelas obras do Lote 1 do Eixo Norte e a
Camargo Correia executará as obras do Lote 9 do Eixo Norte.
Os
trechos sob a responsabilidade do Exército eram os únicos prontos em dezembro
de 2013, um ano depois da data de compleção estimada no início do projeto, em
2007. Quatro cidades - Salgueiro e Cabrobó, em Pernambuco, Jati, no Ceará, e São José de Piranhas, na Paraíba - trabalhavam 24 horas em seus canais, mas no geral
o ritmo era lento, e alguns municípios ainda contratavam operários para as
obras. Alguns dos canais
concluídos apresentam rachaduras e outros problemas de conservação, e deverão
ser refeitos. Entretanto, o prazo para entrega da obra era previsto para o ano
de 2015.
Descrição
Com previsão de beneficiar 12 milhões
de pessoas, o projeto prevê a captação de apenas 1,4% da vazão de 1 850
m³/s do São Francisco, dividida em dois eixos de transposição:
·
Eixo Norte: Constitui-se em um percurso de
aproximadamente 400 km, com ponto de captação de águas próximo à cidade
de Cabrobó, Pernambuco. As águas serão
transpostas aos rios Salgado e Jaguaribe até os reservatórios de Atalho
e Castanhão no Ceará; ao Rio Apodi, no Rio Grande do Norte; e Rio Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte, chegando
aos reservatórios de Engenheiro Ávidos e São
Gonçalo, ambos na Paraíba e Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos
Ferros, no Rio Grande do Norte.
Em Pernambuco, prevê-se a
disponibilização de água para atender a demanda dos municípios banhados pelas
bacias dos rios Brígida, Terra Nova e Pajeú,
que compartilham a Bacia do São Francisco.
Na região de Brígida, uma ramificação
do canal de transposição com cerca de 200 km de extensão está previsto para
conduzir parte das águas até os açudes de Entre Montes e Chapéu. O projeto
prevê uma vazão máxima de 99
m³/s e uma vazão de operação de 16,4 m³/s.
Segundo o Ministério da Integração
Nacional, a capacidade máxima será utilizada em períodos de escassez de água
nas bacias receptoras e quando Sobradinho esteja em regime de espera para
contenção de cheias ou com 94% de sua capacidade.
·
Eixo Leste: As águas deste eixo percorrerão a
distância de 220 km, a partir da barragem de Itaparica, no município de Floresta (Pernambuco), alcançarão
o rio Paraíba, na Paraíba, e deverão atingir os reservatórios
existentes nas bacias receptoras: Poço da Cruz, em Pernambuco, e Epitácio
Pessoa (Boqueirão), na Paraíba.
Relatório de impacto ambiental
Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),
divulgado pelo Ministério da Integração Nacional, o projeto visa ao
fornecimento de água para vários fins, sendo que a maioria seria dedicada à
irrigação: 70% para irrigação, 26% para uso industrial e 4% para população
difusa. Prevê-se que o sistema de transposição esteja em plena operação entre
15 e 20 anos do início das obras.
O RIMA relatou 44 impactos ambientais
previstos devido à obra. Destes 23 foram considerados os principais. São eles:
·
Impactos positivos:
1. Aumento da água
disponível e diminuição da perda devido aos reservatórios.
2. Geração de 5 mil
empregos durante a construção da obra (quatro anos), sobretudo nas cidades onde
serão implantados os canteiros de obras. Entretanto, ao término das obras, não
haverá um impacto significativo em termos de geração de empregos.
3. Aumento da renda e
do comércio das regiões atingidas. Durante a obra, haverá grande incremento no
comércio e renda nas cidades que abrigarão os canteiros de obra. A longo prazo,
a elevação do emprego e renda virão da agricultura irrigada e da indústria, que
serão consequências da transposição.
4. Abastecimento de
até 12,4 milhões de pessoas das cidades, através de sistemas de abastecimento
urbano já implantados, em implantação ou em planejamento pelas autoridades
locais.
5. Abastecimento rural
com água de boa qualidade. O projeto prevê a construção de chafarizes públicos
em 400 localidades urbanas do sertão inseridas na região do projeto que não
possuem sistema de abastecimento adequado.
6. Redução de
problemas trazidos pela seca, como a escassez de alimentos, baixa produtividade
no campo e desemprego rural. Estima-se que 340 mil pessoas seriam beneficiadas,
sobretudo na Bacia do Piranhas-Açu (39%) e na bacia do Jaguaribe (29%).
7. Irrigação de áreas
abandonadas e criação de novas fronteiras agrícolas. Pode-se viabilizar, de
acordo com os estudos realizados, aproximadamente 161 500 hectares em
2025, sendo 24 400 hectares para irrigação difusa ao longo dos canais e
137 100 hectares para irrigação planejada.
8. A qualidade da água
dos rios e açudes das regiões receptoras será beneficiada com as águas do São
Francisco.
9. A oferta de água
irá ajudar a fixar cerca de 400 mil pessoas no campo.
10. Redução de doenças
e óbitos gerados pelo consumo de água contaminada ou pela falta de água.
Estima-se que baixará em cerca de 14 mil o número de internações provocadas por
doenças de associação hídrica no ano de 2025 de uma previsão de 53 mil na
ausência do projeto.
11. Redução da pressão
na infraestrutura de saúde devido à diminuição dos casos de doenças trazidas
pelas águas impróprias.
·
Impactos negativos:
1. Perda do emprego da
população nas regiões desapropriadas e dos trabalhadores ao término das obras.
2. Modificação nos
ecossistemas dos rios da região receptora, alterando a população de plantas e
animais aquáticos. A criação de ambientes aquáticos distintos dos existentes e
a alteração dos volumes de água nos rios receptores promoverão uma seleção das
espécies.
3. Risco de redução da
biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias
receptoras. A seleção entre as espécies exóticas e nativas das regiões
receptoras pode impactar na redução de espécies nativas.
4. Introdução de
tensões e riscos sociais durante a fase de obra. No início das obras, prevê-se
a perda de emprego e renda nas áreas rurais devido às desapropriações, a
remoção da população das regiões onde passarão os canais e a imigração para as
cidades em busca de emprego nas obras. Ao término da obra, a dispensa de
trabalhadores pode ser foco de conflitos.
5. A desapropriação
das terras e o êxodo das regiões atingidas alterará o modo de vida e os laços
comunitários de parentesco e compadrio, que são muito importantes para
enfrentar as condições precárias de vida de muitas comunidades.
6. Circulação de
trabalhadores por terras indígenas de duas etnias: Truká e Pipipã,
gerando interferências indesejáveis.
7. Pressão na
infraestrutura urbana das cidades que irão receber os trabalhadores, aumentando
a demanda por moradia e serviços de saúde.
8. A região do projeto
possui muitos sítios arqueológicos, colocando-os em
risco de perda devido às escavações, nas áreas a serem inundadas pelos
reservatórios e no curso dos rios cujo volume será aumentado.
9. Desmatamento de 430
hectares de terra com flora nativa e possível desaparecimento do habitat de animais terrestres
habitantes destas regiões. As espécies da flora mais relevantes são caatinga
arbórea e a caatinga arbustiva densa.
10. Introdução de
espécies de peixe prejudiciais ao homem na região, como piranhas e pirambebas,
que se alimentam de outros peixes e se reproduzem em água parada.
11. A diminuição dos
volumes dos açudes provocará a redução da biodiversidade de peixes.
12. Alguns rios não têm
capacidade para receber o volume de água projetado, inundando os riachos
paralelos.
·
Demais impactos
citados no relatório:
Dos outros 21 impactos que constam no
relatório, somente o primeiro listado abaixo é considerado positivo. Os demais
são classificados como negativos, segundo a página 75 do RIMA. São eles:
1. Aumento da recarga
fluvial dos aquíferos.
2. Modificação no
regime fluvial do rio São Francisco.
3. Redução da geração
de energia elétrica no rio São Francisco.
4. Perda das receitas
municipais que são pagas como compensação aos municípios onde se concentram as
usinas hidrelétricas.
5. Peixes e outros
organismos aquáticos são importantes na reconstrução da história biogeográfica
das bacias hidrográficas. A alteração dos ecossistemas pode impactar no
conhecimento da história da região.
6. Aumento das
atividades de caça e diminuição da população de espécies cinergéticas devido ao
desmatamento na fase de construção. Os animais ameaçados por estas atividades
são os anfíbios, répteis, mamíferos e aves. Alguns destes animais encontram-se vulneráveis ou ameaçados de
extinção regional, como o tatu-bola, a onça-pintada, o macaco-prego, o tatuí, o porco-do-mato e o tatu-de-rabo-mole.
7. Diminuição da
diversidade de fauna terrestre.
8. Perda de terras
apropriadas para agricultura.
9. Instabilização das
encostas no entorno dos corpos d'água.
10. Geração ou
incremento da erosão e carreamento de sedimentos durante a construção.
12. Alteração do
comportamento hidrossedimentológico dos
corpos d'água.
13. Risco de eutrofização dos
novos reservatórios.
14. Risco de acidentes
com a população durante a obra devido ao trânsito de máquinas e equipamentos.
15. Aumento de emissão
de poeira durante a construção e operação do sistema.
16. Conflitos nas áreas
de mineração pelas quais passarão as águas.
17. Especulação
imobiliária ao longo das várzeas por onde passarão os canais.
18. Risco de acidentes
com animais peçonhentos, sobretudo cobras.
19. Aumento e/ou
aparecimento de doenças: O aumento do nível dos reservatórios e das águas nos
rios pode provocar doenças relacionadas à água, como dengue e esquistossomose. O contato com os operários das
obras pode aumentar os casos de doenças sexualmente transmissíveis.
20. Risco da
proliferação de vetores: Os canais, reservatórios e açudes são ambientes
propícios ao hospedeiro da esquistossomose e vetores da dengue, malária e febre amarela.
21. A propagação das
doenças acima pode pressionar os serviços de saúde na região atingida.
É necessário afirmar que não é
calculável em valores exatos os danos totais que este projeto poderia causar,
portanto é certo de que a lista acima é um Sumário, de forma que a
lista desses impactos — tanto os positivos como os negativos — estendem-se
muito mais, além dos pontos citados.
Novos trechos
Eixo Sul: A extensão estimada é de cerca de 400 quilômetros, construindo um canal que levará a água do São Francisco (a partir de Juazeiro, Bahia) para a Barragem de São José, no município de São José do Jacuípe (Bahia) com a perenização dos rios Vaza-Barris e Itapicuru.
Eixo Oeste: Neste eixo, deverá ser
composto por mais de um canal. Além do São Francisco, existe a possibilidade de
retirar água do aquífero do vale do Gurgueia.
Bibliografia
Coelho, M.A.T. Os Descaminhos do São Francisco.
Editora Paz e Terra, 2005.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Transposi%C3%A7%C3%A3o_do_rio_S%C3%A3o_Francisco
Nenhum comentário:
Postar um comentário